terça-feira, 28 de setembro de 2010

HOJE HÁ CHUVA E UM POUCO DE FRIO





Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não achei que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não me lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parecem que empurram a gente mais pra dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maçãs eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você me pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me traírem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo o que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes. (...) A cada dia viver me esmaga com mais força.



Do sempre nosso, Caio.

domingo, 12 de setembro de 2010

MINHAS LÁGRIMAS

Eu tenho vivido dias estranhos. Nada de demasiadamente ruim está acontecendo, mas mesmo tendo coisas boas para poder aproveitar eu perco o sono e choro. Tenho sentido um sofrimento ruim, não sei bem o que é, só sei que quase desespero, mas não sei por quê. Tenho passado meus dias como se minha vida estivesse dentro de uma ampulheta e eu a visse passar e acabar, acabar, acabar... É tudo muito lento, mas não para por nem um minuto, entende? Nunca tive problemas para dormir e ultimamente tenho percebido que a noite é muito longa e eu vejo o dia clarear. Vejo começar mais um dia no qual eu não farei nada que marcará minha memória. Sabe, eu sou capaz de certas coisas que eu não quis fazer. E é justamente isso que me revolta. Se eu sei o que me deixa feliz porque eu não faço? Se eu não prejudico ninguém, porque determinadas pessoas não entendem minhas vontades? Mas, ao mesmo tempo, deixar quem a gente ama feliz não é uma forma de sermos felizes também? Será que alguma coisa, nisso tudo, faz sentido? O que eu sei é que eu não quero viver em branca nuvem, quero pintar um arco-iris com minhas memórias boas e aprender cada vez mais com meus próprios erros. A vida é sempre um risco e eu tenho medo do perigo, mas eu preciso enfrentar. Do contrário, a areia da ampulheta vai acabar de cair e eu terei várias páginas com tinta preta e branca. Lágrimas e chuva molham o vidro da janela. Muitas lágrimas nos últimos dias, mas ninguém me vê. O mundo é muito injusto e eu dou plantão nos meus problemas que eu quero esquecer. Eu fico remoendo tudo isso que me incomoda. É como se eu estivesse vivendo em modo standy-by. Nada acontece. Eu fico mergulhada em literatura e solidão. Fico achando tudo muito sem sentido falta alguma coisa, falta alguém! Será que existe alguém ou algum motivo importante que justifique a vida ou pelo menos este instante de angústia? Apesar dos pesares eu não perco as esperanças, eu vou contando as horas e fico ouvindo passos, na expectativa que alguém chegue e traga um sorriso de presente para mim. Não sei explicar direito qual é o estado das coisas aqui do lado de dentro. Só sei que preciso tentar aproveitar o tempo que ainda tenho e tentar sair do sinal amarelo e voltar para o verde. Só não sei o que vai acontecer quando eu conseguir isso Quem sabe o fim da história de mil e uma noites de suspense no meu quarto?



P.S.: Texto escrito a partir da música Lágrimas e Chuva, do Leoni.

sábado, 11 de setembro de 2010

OLHA SÓ...

Menina-moça, tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi com a Dona Chica, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço. Disse um certo pai Ogum.

Do sempre nosso, Caio F.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

SOU BOLO SEM CEREJA


Nestes dias de feriado prolongado eu, que fiquei no modo standy-by, totalmente dedicada ao nada, tive muito tempo para assistir televisão. Dizem por aí que os atuais programas de televisão são excessivamente de má qualidade e fazem com que as pessoas parem de pensar. Meu Deus, comigo acontece exatamente o contrário: a má qualidade me faz pensar em mil coisas. E é sobre uma delas que vou falar agora. Ao ligar a televisão o que se vê? Um bando de gente junto: homens com um sorriso sem graça, mulheres praticamente nuas e uma banda que há anos toca a mesma música ridícula. Nem preciso dizer qual é o programa ou o canal porque, afinal, todos são a mesma coisa!

Mas uma coisa é interessante: os homens estão sempre com um visual básico: calça e camisa! Roupas que poderiam ser usadas tranquilamente em qualquer lugar que eles fossem! E as mulheres? Estão, cada vez mais com visual de praia. Shorts curtíssimos, decotes enormes e a barriga sempre à mostra ou, vestidinhos hiper justos no bumbum e elas ficam ajeitando a saia toda hora em um fingimento de pudor quando, na verdade,não passa de desconforto.

Não pensem que eu sou uma pessoa careta com excessos de pudores e tradicionalismos imbecis. Não, pelo contrário: como boa escorpiana, sou a favor da sensualidade. Mas não acho que uma mulher que fica saculejando a bunda em frente um camera seja sensual. A sensualidade está no que é sugerido, e não no que é escancarado. Uma saia de fenda é muito mais sensual que uma minissaia rodada. As mulheres mundialmente conhecidas por sua sensualidade são as que menos exibem seu corpo por aí.



Não estou dizendo que existe uma postura certa e uma errada e que eu sou detentora do melhor de todos os comportamentos. Acredito, que a verdade seja apenas uma questão de ponto de vista e não se pode julgar o livro pela capa. Pode ser que muitas dessas mulheres, fora do programa de televisão, se dediquem ao estudo, à leitura ou alguma atividade que a torne uma pessoa interessante. Não estou dizendo o que é certo e o que é errado, estou apenas abordando dois lados da mesma moeda e dizendo com qual dos dois eu fico. Atualmente, a mídia só aborda esse lado comida da mulher (mulher fruta, mulher filé, etc.) como se fóssemos feitas para sermos consumidas! Literalmente. Isso passa noite e dia na televisão. As mulheres estão disponíveis na internet, em cartazes e onde mais for lucrativo. E qual a consequência disso? Nós, mulheres comuns, somos engolidas pelo mundo, como se fossémos obrigadas a ser desse jeito que nos desenham. Quem disse que precisamos ser assim? De repente, me mostram um mundo no qual eu só posso ser feliz se eu comprar um short curto, colocar silicone e aprender a dançar funk? Não é bem assim, não!!!!

Para sermos felizes precisamos estar realizadas. E o que realiza o ser humano são demonstrações de afeto, amor, carinho e respeito. E não precisamos mostrar 96% do nosso corpo para conseguir isso. Definitivamente não acho que peito, bunda e coxa sejam sensuais. Sensual é personalidade, carater, bom humor e inteligência. Mulheres, temos que ser interessantes! Isso é o mais importante! Vaidade é importante, claro! Mas não é o essencial. Cuide-se bem, faça academia, compre alguns cremes anticelulite e use uma blusinha mais decotada de vez em quando. Faça como eu: usufrua dos benefícios de um batom vermelho! Isso tudo é complemento. É um algo a mais. A cereja do bolo, entende? Se tiver de escolher entre ser interessante e ser sexy escolha a primeira opção. Afinal, seja sincera: você prefere uma cereja sem bolo ou bolo sem cereja?