segunda-feira, 22 de março de 2010

SE EU FOSSE...

Se eu fosse um mês, eu seria novembro.
Se eu fosse um dia da semana, eu seria sexta-feira.
Se eu fosse uma hora do dia, eu seria 8 da manhã.
Se eu fosse uma direção, eu seria aquela com o caminho mais torto e mais bonito.
Se eu fosse um esporte, eu seria Bungee jumping.
Se eu fosse um divertimento, eu seria um encontro de amigos.
Se eu fosse um gesto, eu seria um beijo.
Se eu fosse um momento, eu seria aquele que faz perder o folêgo.
Se eu fosse um líquido, eu seria a tequila.
Se eu fosse uma pedra preciosa, eu seria a granada.
Se eu fosse uma árvore, eu seria o ipê.
Se eu fosse uma flor, eu seria a rosa.
Se eu fosse um instrumento musical, eu seria um saxofone.
Se eu fosse uma cor, eu seria o vermelho.
Se eu fosse um sentimento, eu seria a paixão.
Se eu fosse um tempero, eu seria a pimenta.
Se eu fosse um animal, eu seria uma onça.
Se eu fosse uma fruta, eu seria o abacaxi.
Se eu fosse um livro, eu seria escrita por Caio Fernando Abreu.
Se eu fosse uma personagem, eu seria a menina com uma flor de Vinicius.
Se eu fosse uma comida, eu seria sorvete.
Se eu fosse um lugar, eu seria uma Serra.
Se eu fosse um objeto, eu seria um avião.
Se eu fosse um filme, eu seria "A vida é bela"

EU TE RESPONDO: SIM

De uns tempos para cá o interior dela está muito agitado. Aliás seu interior sempre foi agitado, porém o que até então era só o desassossego de quem vive nos extremos, agora é a movimentação de quem sente nos extremos. Nessas horas é que ela queria ter a aptidão de Clarice, ou de Caio para transformar em palavras aquele aperto que estava ali do lado de dentro. Essa seria uma ótima forma de aliviar seu coração dessa sensação de amor. Sim: amor. Desses amores fortes que não conseguem esperar e que já nasceu grande demais. Como não tinha o dom para a escrita que serve de alívio, tinha que conseguir fazer cara de serenidade enquanto sentia o coração socando seu peito querendo deixar aquele lugar, onde reinava sentimentos agitados, para pousar perto do outro coração que o havia conquistado. E como era ruim segurar tudo dentro. Precisava estar com ele, sentir os beijos, os abraços e as pequenas primeiras carícias de amor. Não deixava de pensar nem um só segundo naquela frase do Caio: "Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa.. Me escorrem desejos pelo rosto, pelo corpo. Um amor susto. Um amor raio, trovão fazendo barulho.. Me bagunça. E chove em mim todos os dias." Sim, essa frase relatava tudo. Inclusive o desejo que ela tinha de ser chuva na vida daquele que estava lhe chovendo. "-O que fazer com tantos sentimentos fortes?" "-É preciso aliviar, é preciso sair de dentro de você mesma, senão você explode". Sim, é preciso expressar. Mas não adianta, coisas do tipo:"eu gosto de estar com você", "você é importante para mim", etc. etc. etc. Isso não alivia o peito de uma escorpiana. É preciso mais para te satisfazer. É preciso ordenar as sete certas letras. Um dia desses ela, como uma grande escritora, vai reinventar o melhor texto já produzido e vai dizer: eu te amo, amor!

quinta-feira, 18 de março de 2010

IRREMEDIAVELMENTE DO MEU JEITO

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.

De Maria de Queiroz: "Irremediável"