quarta-feira, 14 de julho de 2010

VAI PASSAR

CAIO FERNADO ABREU

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca …

terça-feira, 13 de julho de 2010

QUEM SOU EU

Preencher o QUEM SOU EU, dos site dos quais participo é uma tarefa muito difícil, mas não desisto de tentar. Então, vamos lá:

Sou uma pessoa normal: algumas qualidades, alguns defeitos. Umas atitudes boas outras más, tenho algns amigos e uns inimigos. Um pouquinho de cada coisa, entende? Ops! Desculpe. Falar da gente mesmo é sempre difícil. Vamos ver: sou apaixonada pela minha família. Tenho poucos amigos e eles são ótimos. Amo sorvete, coca-cola e sanduíche. Como bem e durmo melhor ainda. Odeio gatos. Adoro criança. Não gosto de gente séria e retraída, que espera as coisas acontecerem. Gosto de gente que brinca, que ri, que grita e que sabe conversar com o corpo todo. Detesto briga, mas, se for preciso entrar em uma, tenha certeza que eu vou dar conta do recado! Nunca faço promessas e nem construo expectativas. O mal nunca me surpreende. Invisto poucas esperanças nos seres humanos. Tenho muito orgulho de todas as minhas ações bem sucedidas. As pessoas vêem isso como presunção, eu vejo como consciência tranquila comigo mesma. Estive por muito tempo sozinha, embora quase nunca estivesse solteira. Hoje, não tenho mais me sentido sozinha, mesmo tendo preferido ficar solteira. Sou metida, exigente e consigo ser muito fria. As pessoas tem de mim exatamente aquilo que conquistam. Não paro de estudar por nenhum um dia. Adoro dançar, mas detesto boate. Não preciso beber para me soltar. Faço e falo somente o que o meu coração pede. A razão vem depois. Sou bem sincera e nem um pouco medrosa. Só faço as perguntas quando estou preparada para ouvir as respostas. Sei que fantasmas não existem, mas eu tenho medo. Não acredito em prícipes encantados, mas espero pelo meu todos os dias.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ORAÇÃO DA SERENIDADE

Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma da outra – vivendo um dia de cada vez, desfrutando um momento de cada vez, aceitando as dificuldades como um caminho para alcançar a paz, considerando o mundo pecador como ele é, e não como gostaria que ele fosse, confiando em Deus para endireitar todas as coisas para que eu possa ser moderadamente feliz nesta vida e sumamente feliz contigo na eternidade.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

EU...

...Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.

Clarice Lispector

segunda-feira, 5 de julho de 2010

SIM, QUE PELO MENOS SEJA DOCE

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.


Do sempre nosso,


Caio

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estou passando um daqueles dias tensos em que parece que meu coração vai sair pela boca. É uma mistura de tristeza, raiva e dor. Me sinto excluída por determinadas pessoas que diziam que sempre estariam comigo e não me sinto amada por alguns que me juraram amor eterno. Nesse turbilhão, tão conhecido pelo meu coração, só tem um pessoa que não me deixa por nenhum segundo sequer: eu mesma! Ai, e como é difícil ficar me ouvindo dando conselhos para mim mesma e me cobrando por atitudes que eu própria me havia proibido tomar. Essa cobrança é a mais dura de todas. Eu me resigno e me obedeço porque preciso controlar a mim mesma.