Esta noite tive um sonho com você. Sonhei que você
telefonava para mim. Estranho, né? Por que você ligaria para mim? Assim, sem
motivo? Pois é... mas os sonhos tem isso de bom: não possuem compromisso com a
realidade. Conversamos durante um bom tempo. Falei da ioga, do trabalho e do meu
nervosismo dos últimos dias. Você falou do acampamento, do trabalho e da
saudade dos últimos dias. Foi um sonho doido. Sei que você começou contando da
dificuldade que foi redescobrir o número do meu telefone. Uma verdadeira saga!
Coisa de filme, de novela, de sonho mesmo... Sei que você disse algo sobre
sentimentos que não são pesados, mas são intensos.
Mas é claro que foi sonho. Se fosse verdade, eu teria dito
muito mais. Teria falado das coisas que lembro. Talvez se eu falasse que lembro
já seria suficiente. Mas é que eu me lembro de muita coisa, sabe? Lembro que
você balançava muito a perna enquanto falava. (Será que você ficaria balançando
a perna enquanto falasse comigo ao telefone?) Lembro de café, cigarros e gripe
que aparecia por causa de limão. Lembro de datas. Lembro de corações batendo ou
se batendo, não sei... Lembro de frases, de risos... Havia muito risos
entrecortando nossa conversa ao telefone. Alguns silêncios também.
Pensei em te ligar e te contar do sonho que tive, mas fiquei
com medo de você não ter tempo para ouvir. Lembro que você não tinha tempo. Não
tinha tempo para minha intensidade e, talvez, nem para a sua. Não liguei, não
ligamos.
Autor desconhecido