sábado, 8 de novembro de 2008

UMA HOMENAGEM AOS PROFESSORES GRAMATIQUEIROS

Grande parte dos estudantes que fazem Curso de Letras tem encontrado, durante o período de estágio, com professores tradicionalistas que trabalha incessantemente com nomenclaturas, regras e classificações gramaticais. A estes, a minha homenagem:



Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular como um paradigma da primeira conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético
de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas
expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski

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